Introdução ao Candomblé

Bem vindo a Religião dos ÒRÌSÁS.
Saiba mais sobre sua Religião.        

INTRODUÇÃO

     Os africanos eram animistas, isto é, atribuíam alma a todos os fenômenos naturais e procuravam efetivá-los por meios de práticas mágicas. Ao contrário do que se pensava, eles cultuavam um só Deus (OLODUMARÈ) e sua corte celestial. Associavam suas vidas à vida da natureza numa comunhão entre deuses e homens. Temiam e amavam a água, que os afogava e aplacava sua sede, o fogo, que os queimava e aquecia o sol, que seca a terra e os iluminava, e assim por diante. Nada acontece por acaso e todos os fenômenos da natureza têm uma explicação lógica. Consequentemente, os fenômenos podem ser alterados, propiciados, estimulados e impedidos se uma atividade mística for observada. A entrada na comunidade do Candomblé obriga o iniciante a um longo período de vivência no grupo. Deve observar com a cabeça e olhos baixos sem demonstrar que está atento ou interessado demais, é preciso paciência e muito trabalho, atenção as conversas, cantigas, danças, gestos e palavras. Com o decorrer do tempo e definitivamente aceito como iniciado é que passará a receber maiores informações, que resultarão num aprendizado dos rituais e mitos. Este aprendizado será transmitido oralmente, pois a palavra tem o poder de veicular ÀSÉ. Os textos falados ou cantados, expressão corporal, gestos e objetos simbólicos são um conjunto de significados e revivem as histórias de tempos imemoriais. O
presente trabalho visa preencher lacunas das literaturas especializadas sobre o culto do Candomblé do Ketu e, o interessado ou “escolhido” como filho ou filha-de-santo pelo Òrìsá, irá ter uma idéia do que é a Religião dos Òrìsás.

O Deus Supremo                

     Acima dos Òrìsás reina um Deus supremo, OLODUMARÈ, cuja origem é desconhecida. É um Deus distante e indiferente às preces e ao destino dos
homens. Está fora do alcance da compreensão humana. Ele paira acima de todas as contingências de justiça e de moral. Nenhum culto lhe é destinado. Ele criou os Òrìsás para governarem e supervisionarem o mundo. É, pois, a eles que os homens devem dirigir suas preces e fazer suas oferendas. OLODUMARÈ, no entanto, aceitajulgar as desavenças que possam surgir entre os Òrisás.


                                                                                                                                                              
     A Religião dos Òrìsás esta ligada a família. A família numerosa, originária de um mesmo antepassado, que engloba os vivos e os mortos. O Òrìsá seria, em princípio, um ancestral divinizado, que em sua vida, estabeleceu vínculos que lhe garantiram um controle sobre certas forças da natureza. O poder, ÀSÉ, do ancestral-Òrìsá teria, após sua morte, a faculdade de encarnar-se, momentaneamente, em um de seus descendentes durante um fenômeno de possessão por ele provocado. A passagem da vida terrestre à condição de Òrìsá desses seres excepcionais, possuidores de um ÀSÉ poderoso, produz-se em geral, em um momento de paixão/ira. Esses antepassados divinizados não morriam de morte natural. Possuidores de um ÀSÉ muito forte e poderes excepcionais sofriam uma metamorfose nesses momentos de crise emocional, provocado pela cólera e outros sentimentos violentos. O que neles era material desaparecia, queimado por essa paixão, e deles restava somente o ÀSÉ, poder em estado de energia pura. Para que o culto pudesse ser criado, era precisa que um ou vários membros da família tivesse sido capaz de estabelecer ODU ÒRÌSÁ, “um vaso enterrado no chão, até mais ou menos três quartos de sua altura, pelos seus adeptos”. Ele serve de recipiente ao objeto suporte da força, “o ÀSÉ do Òrìsá”. Este objeto suporte é a “base material palpável, estabelecida pelo Òrìsá, que receberá a oferenda e será impregnada pelo sangue do animal sacrificado; devidamente sacralizado, será o traço de união entre os homens e a divindade”. A natureza desses objetos está ligada ao caráter do deus, quer por ele ser uma emanação como a pedra, EDUN ARÁ, de SÀNGÓ, ou um seixo do fundo do riacho, OTA, de ÒSUN ou YEMONJA, quer seja um símbolo, como as ferramentas de ÒGÚN ou o arco e flexa de ÒSÓÒSÌ. O Òrìsá é uma força pura, ÀSE imaterial que só se torna perceptível aos seres humanos, incorporando-se em um deles, possibilitando ao Òrìsá voltar a terra para saudar e receber provas de respeito dos que o evocam. Nas cerimônias de adoração ao ancestral divinizado, que ao incorporar-se ao ÌYÀWÓ, reencontra, por alguns instantes, sua antiga personalidade espiritual de outrora com suas qualidades e seus defeitos, seus gostos, suas tendências, seu caráter agradável ou agressivo, voltando assim, momentaneamente, a terra, entre seus descendentes; durante as cerimônias de evocação, os Òrìsás dançam diante deles e com eles, recebendo seus cumprimentos, “ouvem as suas queixas, concedem
graças, resolvem as suas desavenças e consola seus infortúnios. O mundo celeste não está distante, nem superior, e o crente pode conversar diretamente com os
deuses e aproveitar da sua benevolência”. Na África, cada Òrìsá estava ligado, originalmente, a uma cidade ou a um país inteiro. Tratava-se de uma série de cultos regionais ou nacionais, SÀNGÓ em OYO, YEMONJA em EGBÓ, YEWÀ em EGBADO, ÒGÚN em EKITI e Ondo, ÒSUN em IJEXÁ e IJEBU, ERINLÉ em OLOBU, LOGUNEDE em ILEXA, OTIN em INIXÁ,ÒÒSÀÀLÀ- OBATALA em IFÉ, subdividido em OSÀLÚFÓN em IFAN e OSOGUIAN em IJIGBÓ. Os Òrìsás viajaram, em seguida, para outras regiões africanas, levados pelos povos no curso de suas migrações. Se as pessoas formavam um grupo numeroso, o Òrìsá tomava tal amplitude que englobava o conjunto da família, e alguns OLORISÁS, sacerdotes do Òrìsá, asseguravam o culto para todo o grupo. Se alguém se fixava com sua família restrita a sua mulher e seus filhos, o Òrìsá assumia uma feição pessoal. Quando o africano era transportado para o Brasil, o Òrìsá tomava um caráter individual, ligado à sorte do escravo, agora separado do seu grupo familiar de origem. A qualidade das relações entre um indivíduo e o seu Òrìsá é, pois diferente, caso ele se encontre na África ou no Brasil. Na África, a realização das cerimônias de adoração ao Òrìsá é assegurada pelos sacerdotes designados para tal. Os outros membros da família ou grupo não têm outros deveres senão o de contribuir materialmente para os custos do culto, podendo, entretanto, se assim o desejar, participar nos cantos, danças e festas animadas que acompanham essas celebrações. Devem, além disso, respeitar as proibições alimentares e outras ligadas ao culto do seu Òrìsá, e assim agindo, estão perfeitamente em regra com as suas obrigações. No Brasil, ao contrário, cada um tem que assegurar pessoalmente as minuciosas exigências do Òrìsá, tendo, porém, a possibilidade de encontrar num terreiro de Candomblé um meio onde inserir-se e um pai ou mãe-de-santo, capaz de guiá-lo e ajudá-lo a cumprir corretamente suas obrigações em relação ao seu Òrìsá. Se a pessoa for chamada a tornar-se filho-de-santo, caberá igualmente ao pai ou mãe-de-santo a tarefa de levar a bom termo a sua iniciação e preparar o “assento “de seu Òrìsá individual, “o vaso que contém os seus OTA, as pedras sagradas, receptáculos da força do deus” “““. Existem, assim, em cada terreiro de Candomblé, múltiplos Òrìsás pessoais, reunidos em torno do Òrìsá do terreiro, símbolo do reagrupamento, do que foi dispersado pelo tráfico de escravos. A autoridade do pai ou mãe-de-santo afirma-se no momento da raspagem da cabeça do noviço, no primeiro dia da iniciação. Esse ato significa a tomada de possessão simbólica do noviço, a imposição de uma paternidade, o domínio sobre a pessoa. Essa noção de tomada de posse é aceita a tal ponto que, no momento da morte do pai ou mãe-de-santo, todos os seus filhos espirituais devem realizar uma cerimônia destinada a “tirar a mão” do morto, para evitar de ser arrastado até o além pelo ÒKÚ(defunto). Completado sete anos de iniciação, os ÌYÀWÓ tornam-se EEBONMI, irmão mais velho, e tem o direito a ter seu próprio terreiro com a benção e a autorização de seu pai ou mãe-de-santo. Com o passar do tempo, a definição e a concepção do que é o Òrìsá no Brasil tendem a evoluir. Em se tratando de africanos escravizados, ou seus descendentes aqui nascidos, sejam eles de sangue africano ou mulatos, tão claros de pele quanto possível, não havia e não há problemas, pois o sangue africano que corre em suas veias, não importando a proporção, justifica a dependência ao Òrìsá-ancestral. Embora os crentes não africanos não possam reivindicar os laços de sangue com os seus Òrìsás, pode haver, no entanto, entre eles, certas afinidades de temperamento. Africanos e não africanos têm em comum, tendências inatas e um comportamento geral correspondente àquele de um Òrìsá, como a virilidade devastadora de SÀNGÓ, a feminilidade elegante e coquete de ÒSUN, a sensualidade desenfreada de OYA, a calma benevolente de NÀNÁ, a virilidade e a independência de ÒÒSÀÀLÀ, o masoquismo e o desejo de expiação de OMOLU, etc. Podemos chamar essas tendências de arquétipos da personalidade porque, não há nenhuma dúvida, certas tendências inatas não podem desenvolver-se livremente dentro de cada um, no decorrer de sua existência, se elas entrarem em conflito com as regras de conduta admitidas nos meios em que vivem. A educação recebida e as experiências vividas, muitas vezes alienantes, são as fontes seguras de sentimentos de frustração e de complexos, e seus conseqüentes
bloqueios e dificuldades. Se uma pessoa, vítima de problemas não solucionados, é “escolhida” como filho ou filha-de-santo pelo Òrìsá, cujo arquétipo
correspondente a essas tendências escondidas, isso será para ela a experiência mais aliviadora e reconfortante pela qual possa passar. No momento do transe,
ela comporta-se, inconscientemente, como o Òrìsá, seu arquétipo, e é exatamente a isso que aspiram as suas tendências secretas e reprimidas. Os arquétipos de
personalidade das pessoas não são tão rígidos e uniformes, pois existem nuances provenientes da diversidade de “qualidade” atribuídas a cada Òrìsá. ÒSUN,
por exemplo, pode ser guerreira, coquete ou maternal, dependendo do nome que leva. Eles são segundo os casos, jovens ou velhos, amáveis ou ranzinzas,
pacíficos ou guerreiros, benevolentes ou não. No Brasil, além do mais, cada indivíduo possui dois Òrìsás. Um deles é mais aparente, aquele que pode
provocar crises de possessão, o outro é mais discreto e é “assentado”, fixado, acalmado. Apesar disso, ele influencia também o comportamento das pessoas. O caráter particular e diferenciado de cada indivíduo resulta da combinação e do equilíbrio que se estabelecem entre esses elementos da personalidade.          

OGÁN e EKÉJI                                                                       

     São pessoas que não têm a capacidade de incorporarem o Òrìsà, mas foram escolhidos por ele para seus filhos e, como tal, eles devem apresentar-se numa casa de Òrìsà. Uma vez aceitos e entronizados na casa, eles devem enquadrar-se antes de tudo como um filho do Òrìsà, depois é que vêm as prerrogativas e “status” do Ogán ou Ekéji. Ocupam vários cargos da casa de Òrìsà. Os mais conhecidos são os ONÍÌLU, tocadores de atabaques, AXÒGÚN, que sacrifica para os Òrìsàs, PEJIGÁN, zela e guarda o PEJI, etc. Para as Ekéji temos a YAMORÒ, mãe criadeira, ÁLÁAXÈ ou ÌYÁLÁXÈ, cozinha para os Òrìsàs ou no culto, IYÁEFUN, pinta os ÌYÀWÓ, etc.. São suspensos e depois confirmados, receberão todas as obrigações necessárias, mas não serão raspados. Alguns escolhidos para cargos de confiança total dentro da casa devem ser raspados e serem ADÓSÙU, visto que em certos casos eles terão permissão para colocar a mão num ORÍ ADÓSÙU, cabeça que levou ÓSUN, tendo, necessàriamente, de ser também um ADOSÙU.

     INICIAÇÃO                                                                              

     São diversos os caminhos que levam uma pessoa a iniciar-se no Candomblé. Muitas porque foram escolhidas pelo Òrìsà e têm que ser iniciadas, outras porque assim o quiseram, com a concordância dos Òrìsàs, por amor a Religião. O primeiro degrau é passar pelo ritual de BORÍ (oferenda à cabeça) sendo denominados a partir dessa data como ABÍYÁN. O ABÍYÁN poderá ficar a vida inteira nesta condição se o Òrìsà assim o desejar ou deverá ser iniciado imediatamente em decorrência da manifestação física do Òrìsà, conhecida como “bolar no santo”. Através do jogo será previsto a data do início do processo, determinado pelo Òrìsà do iniciado e pelo Òrìsà da casa, etc.. Esse processo durará no mínimo sete anos. O ABÍYÁN ficará no ILÉ ÒRÌSÀ por três semanas ou mais, dependendo da qualidade do santo. Descansará, passará por limpeza física e espiritual, através de banhos, rituais e sacrifícios. De dentro do quarto sagrado (RONKÒ) só sairá para cerimônias em outros aposentos do ILÉ ÒRÌSÀ ou matas, mar, cachoeiras, rios, etc.. Nesta etapa o ABÍYÁN passa a ser denominado de IYAÓ. Aprende como comportar-se junto aos mais velhos, as rezas, as danças, etc.. Decorrido os dias e terminado os rituais, é chegada a hora da cerimônia pública. Na primeira saída se apresentará vestido e pintado de branco com ÌKÓODÍDE amarrado na cabeça por palha da costa e baterá o PAWÒ para os locais sagrados do ILÉ e o DÓBÁLÈ ou YÌNKÁ para a ÌYÁLÒRÌXÀ ou BABALÒRÌXÀ. Na segunda saída se apresentará com roupas e corpo coloridos. Nesta ocasião será escolhido uma pessoa de outro ILÉ ou nação para que peça ao Òrìsà que revele o nome ( ORÚKO ) do iniciado. Na terceira saída se apresentará com a roupa característica do Òrìsà, lembrando seus atributos e histórias, comemorando-se, assim, o novo nascimento, através de danças e rituais. Durante o período do recolhimento foi colocado no pescoço do IYAÓ o ÌLÈKÈ (quelê) que só poderá ser removido após 12 (doze) semanas, ocasião em que o grito com o qual o Òrìsà se anuncia será conhecido. Durante este período será respeitado e evitado todos os prazeres da vida normal, além de uma série de ÈÈWÒ (proibição). Posteriormente a retirada do ÌLÈKÈ, haverão obrigações de um ano, três anos, cinco anos, se for o caso, e finalmente a confirmação final da iniciação aos sete anos, ocasião em que se tornará EEBONMI ( mais velho ) e em cerimônia pública poderá receber o conjunto de símbolos, denimonado DEKÁ, e estará apto a abrir seu ILÉ ÒRÌSÀ, caso tenha sido revelado o caminho no jogo dos búzios. Caso contrário, permanecerá no ILÉ e deverá receber cargo para atuar junto a ÈGBÉ (comunidade).

ÉGÚN

     Para os YORÙBÁ a morte não era o ponto final da vida, pois eles acreditavam na reencarnação e que reviveriam em um de seus descendentes. Para eles não havia a noção de céu, inferno ou purgatório, conforme a tradição Cristã. A morte estaria contida na própria concepção da vida e ambas não se separam. A vida e a morte alternam-se em ciclos, voltando o morto ao mundo dos vivos, reencarnando num novo membro da própria família. Para eles existe o corpo material (ARA), que com a morte decompôe-se reintegrando-se a natureza, e a parte espiritual, formada de várias partes reunidas, com existência própria, que são :- Sopro Vital (EMI), Personalidade (ORI), Identidade Sobrenatural, que liga a pessoa à natureza (ÒRÌSÀ PESSOAL) e Espírito (ÉGÚN). As partes necessitam ser integradas para formar a pessoa durante a vida, dispersando-se após a morte. O ÉGÚN vai para o ÒRUN, podendo retornar reencarnando em um de seus descendentes. Pode-se cultuar pessoas que foram ilustres ou destacadas na comunidade, quando vivas, invocando-as em altares ou assentamentos preparados para o ÉGÚN (ESPÍRITO DO MORTO). Somente os mortos do sexo masculino fazem aparições, pois só os homens mantêm a individualidade. Esses mortos surgem de forma visível, mas camuflada, é a morte que chega a terra espiritualmente e visível aos nossos olhos, “nasce” através de rituais e pelos sacerdotes (ÒJÈ) munidos de instrumento invocatório chamado IXÃ, que tocado três vezes no chão, acompanhado de palavras e gestos rituais, faz com que a morte se torne vida. Manifesta-se como forma humana, totalmente coberto por uma roupa de tiras multicoloridas; sua voz é rouca, metálica, estridente e são conduzidos e controlados pelo IXÃ, pois não podem ser tocados. Os APAARAKÀ são ÉGÚN que não falam e suas roupas são simples, estão em processo de evolução. Os BABAÉGÚN são evoluídos e permitem-se roupas completas e vozes liberadas.

ÀSÈSÈ

     A morte de qualquer membro da comunidade do Candomblé implica na realização de rituais fúnebres chamados ÀSÈSÈ, cuja finalidade é desfazer o assentamento do ORI e os vínculos com o Òrìsá pessoal, significando desfazer, também, os vínculos com todos os membros do barracão e despachar o ÈGÙN do morto, para que o mesmo deixe a terra e vá para o ÒRUN. Toda a seqüência iniciática por que passa um membro do Candomblé, representa aprofundamento dos laços religiosos com a comunidade. Ao morrer, esses vínculos têm que ser desfeitos para liberação do ÈGÙN das obrigações, principalmente, religiosas da terra. Participam do ritual os Òrìsás OYA, NÀNÁ, OMOLÚ, ÒGÚN, ÒSÙMÀRÈ e YEWÀ. A cerimônia inicia-se imediatamente após a morte, o sacerdote manuseia o corpo para retirar da cabeça a marca simbólica da presença do Òrìsá; o cabelo no alto da cabeça é raspado e o crânio lavado com um preparado de folhas e água (AMACI) , simbolizando a inversão, simbólica, do primeiro ritual iniciático. Este líquido resultante da lavagem da cabeça fará parte do grande despacho do morto. Terminado o enterro é que será iniciado, efetivamente, os rituais do ÀSÈSÈ. Os presentes usam roupas brancas e tiras de folha do dendezeiro atadas nos braços como proteção contra os ÈGÙNS. O morto é representado por um recipiente de barro virgem. Os objetos sagrados do morto são desfeitos, quebrados e despachados; porém, após consulta aos búzios, alguns objetos ou assentamento poderão ser dado a alguém que passará a zelar religiosamente pelos mesmos. Ao final dos rituais o despacho é levado para longe do barracão e o ÈGÙN esta livre para partir, fechando, assim, o ciclo no conceito de vida das tradições africanas.

NOTAS IMPORTANTES

– O verdadeiro DEBURU é feito com milho vermelho ( de galinha ).

– Todos os animais são cortados pelas juntas.

– SÀNGÓ só come quente.

– Todas as obrigações levam flores, frutas e doces.

– Todos os Òrìsás comem ACARAJÉ

– O ACARAJÉ para ÒSUN ÒPARÀ é feito no azeite doce.

– O ÌGBÍN tem que ser calçado com frango.

– AYRÀ é um ÒRÌSÁ e não uma qualidade de SÀNGÓ.

– ÒNIRA é um ÒRÌSÁ e não uma qualidade de OYA.

– Tudo para o santo tem que ser lavado no ABÓ.

– A gamela para SÀNGÓ é redonda, e para AYRÀ é oval.

– ÀIYÉ é a terra em que vivemos.

– ÒRUN é o “céu”.

– IMONLÈ – espíritos.

– ÀSÈ – poder.

-ÈÈWÒ – proibição (kizila).

Autor: Cesar Freitas

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